domingo, 29 de março de 2015

Qual a razão de repetir os mesmos erros?



Não há coincidências!

As pessoas muitas vezes, cometem os mesmos erros, têm as mesmas atitudes e, como consequência obtém sempre resultados semelhantes. Acontece geralmente, porque não analisam os seus comportamentos ou por culpabilizarem alguém pelo que lhes acontece.

A única forma de mudar os resultados, sobrevém, no momento em que a pessoa modifica a sua forma de agir. Mas, como as atitudes são difíceis de mudar, continua a persistir o desejo de obter resultados diferentes, mesmo sem alterar qualquer tipo de atitude para que seja possível acontecer.

Enquanto mantiver as mesmas escolhas e opiniões, como pode haver mudança?

Pensa muitas vezes, em mudar de cidade, emprego, casa, amigos e até de relação, mas isso não muda nada, se mantém sempre comportamentos semelhantes. Todas as mudanças que pense efetuar, nunca serão suficientes para terminar com este ciclo de situações desagradáveis e deixar de sentir o mesmo tipo de frustrações.

O que se pode fazer para acabar com este ciclo interminável?

Primeiro é necessário ter consciência que todas as situações semelhantes que lhe acontecem são da sua inteira responsabilidade. É evidente que algumas podem derivar de fatores externos, mas quando existem tantas ocorrências semelhantes, as mesmas, só permanecem, por causa das suas emoções e do seu comportamento que são responsáveis por essas consequências.

As emoções do seu mundo interno, constituem um obstáculo para conseguir tomar melhores decisões e, deixar de cometer sempre os mesmos erros. Estas emoções têm origem em pensamentos como, eu merecia um emprego melhor, uma casa melhor, uma relação mais saudável…ou qualquer outo tipo de desejo que se manifesta para suavizar a sensação de desconforto ou de angústia. No entanto, mesmo pensando desta forma, nada acontece e o ciclo repete-se: Fantasia o desejo e sente algum alívio imediato, mas a culpa reaparece. Os sentimentos de fracasso, diminuem a autoestima e, a pessoa entra num processo de sofrimento, com tendência para se isolar, como consequência da sua sensação de impotência.

Desenvolver capacidade de antecipação, de traçar projetos, de alcançar objetivos ou de resolver problemas e sentir realização pessoal, só depende de si, da forma como se vê e, da sua construção interna de ver o mundo. Na maior parte das vezes, estão condicionadas desde a infância. Sendo em grande parte, todos esses pensamentos enraizados que provocam, as emoções atuais e que originam o mesmo tipo de comportamentos, por se terem tornado hábitos.

Os pensamentos que conduzem aos mesmos resultados, são sempre idênticos em situações semelhantes.

É este ciclo de ideias recalcadas que constituem o impedimento para conseguir alcançar novas tomadas de decisão. É por este motivo, que apesar da pessoa sentir que precisa de fazer mudanças, de fazer novas escolhas ou de inovar em qualquer área, termina quase sempre a cometer os mesmos erros, a ter as mesmas atitudes e as mesmas reações. É isto que gera bloqueio, impeditivo do progresso e da realização, não só pessoal, mas também relacional e profissional.

Só quando conseguir alcançar, autoconsciência dos motivos que a estão a impedir, de ultrapassar as dificuldades, seja em que área for, é que pode ser possível, aprender novas formas para alcançar o desejado e obter novos resultados.

Como é possível adquirir isso?

No momento em que se reaprende a identificar as emoções, tais como, o receio de sofrer ou de enfrentar desafios. Quando deixar de ser resistente à mudança que impede a pessoa, de criar novos hábitos e de saber lidar com a incerteza. Mas tudo isto, só é possível, na altura em que a pessoa, consegue sair da sua zona de conforto.

Se não está a conseguir sozinho as mudanças desejadas, procure ajuda profissional para iniciar a sua transformação. A psicoterapia, permite à pessoa analisar e repensar as suas dificuldades emocionais, permitindo-lhe redescobrir a capacidade para lidar com os problemas e encontrar a melhor forma de os resolver. O processo psicoterapêutico faculta-lhe melhor compreensão das situações e a ter consciência das suas emoções, por forma a conseguir realizar as mudanças pretendidas.

sábado, 28 de março de 2015

O que é a dependência emocional?

A dependência emocional é uma condição emocional ou comportamental que afeta a capacidade da pessoa para ter um relacionamento saudável e satisfatório.

A dependência emocional tem consequências negativas, não só para a pessoa, como também para as pessoas que convivem com ela. Este tipo de relação ocorre quando a pessoa é controlada ou manipulada por outra, em que está implícita uma relação patológica.

A pessoa por causa da sua grande necessidade de aprovação, desenvolvem Perturbação de Personalidade Dependente – PPD, tenta agradar sempre aos outros. Assim, não é de estranhar que sintam enorme frustração, por sentirem obrigação em fazer coisas que não querem e por não conseguirem expressar seus sentimentos.

Existe uma necessidade difusa e excessiva de ser cuidado que gera comportamentos de submissão e apego, surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos. Neste sentido, a dependência emocional pode ser considerada patológica, quando apresenta , 5 ou ou mais critérios segundo o DSM-5, tais como:

1) Apresenta dificuldades em tomar decisões no dia-a-dia, recorrendo a excessivos conselhos dos outros.

2) Necessita que as outras pessoas assumam responsabilidade pelas principais áreas da sua vida.

3) Manifestar dificuldade em discordar das outras pessoas, devido ao medo de perder o seu apoio ou aprovação.

4) Mostra dificuldade em iniciar um projeto ou em realizar tarefas por si própria, devido a falta de autoconfiança nas suas capacidades. Não está relacionada com falta de motivação ou energia.

5) Recorre a comportamentos ou atitudes extremas, só para obter carinho e apoio das outras pessoas, a ponto de se oferecer a fazer coisas desagradáveis.

6) Sente desconforto ou desamparo, quando está sozinho devido ao medo exagerado de ser incapaz de cuidar de si mesmo.

7) Procura rapidamente um relacionamento como fonte de cuidado e amparo, após finalizar um relacionamento íntimo. 

8) Apresenta preocupações irreais com medo de ser abandonado e de ficar sozinho.

6 Sugestões para ser menos dependente

1)Tomar Consciência da dependência emocional.
É o primeiro passo para começar a ultrapassar essa dependência. Sem ter consciência do que acontece consigo, o seu comportamento continua a ser igual e o sofrimento permanece. Devendo desenvolver melhor autoestima.
2) Revalorização
Reconheça o seu próprio valor que pode ser alcançada focalizando-se em pensamentos positivos sobre si mesma, fazendo actividades que a contribuam para se sentir bem, analisando não só as suas limitações, mas também as suas qualidades, aceitando as consequências das suas decisões e estabelecendo objetivos.
3)Identifique as suas necessidades emocionais.
Tente perceber quais são as suas necessidades emocionais. Pode pedir opinião de várias pessoas para descobrir o seu caminho, mas a decisão a responsabilidade da escolha devem ser suas.
4) Aprenda a desenvolver melhor autocontrolo.
Esta aprendizagem requer, envolvimento das suas emoções e atitudes. Acontecem frequentemente situações incontroláveis, sendo necessário ter consciência do que pode ou não controlar. Evitar sempre que as outras pessoas controlem o que deve fazer.
5)Procure desenvolver uma rede sólida de relações. É importante manter contato frequente com amigos e familiares. Evite isolar-se ou viver em função de uma pessoa. 
6) Evite condicionar o que deseja em função de uma pessoa. Em cada um de nós existem necessidades específicas que só são importantes para essa pessoa. Assim, é necessário saber o que deseja para si, devendo alcançar o que a faz feliz independente da vontade dos outros. É necessário reconhecer as suas próprias necessidades, mesmo quando mantém um relacionamento.

Tratamentos
É importante recorrer a ajuda para que a pessoa, consiga melhorar autoconfiança e aumentar a autoestima, por forma a exprimir-se melhor, identificar os seus desejos e necessidades e evitar que sofra de abusos psicológicos ou de violência.

Psicoterapia - Este acompanhamento ajuda a pessoa a compreender as causas dos seus medos, a desenvolver assertividade e as suas competências sociais, tais como:
·Evitar que recorra sempre à opinião de terceiros para decidir;
·Aumentar a capacidade de assumir compromissos;
·Aprender a aceitar as críticas;
·Conseguir melhorar as atitudes e minimizar os receios;
·Melhorar as suas relações interpessoais;
·Encontrar mais prazer na intimidade.

Medicamentos - O uso de medicamentos são pouco eficazes na mudança de comportamento da pessoa com PPD a longo prazo. No entanto e sempre por curtos períodos, a medicação pode minimizar alguns sintomas, em caso de disforia (falta de energia extrema), ansiedade ou depressão. Mas a dependência de medicamentos não proporciona recursos para a pessoa aprender a lidar com as características inerentes da dependência emocional.

terça-feira, 24 de março de 2015

Quem manda adoecer o cerebro?


“Trabalho em psiquiatria há 30 anos e ainda não sei muito bem o que é isso da loucura”  - Afirma José Salgado.


Psiquiatra fala da fronteira da loucura, das doenças mais comuns e dos sinais precoces. Mas também da crise que pode estar a alimentar a epidemia da depressão. E não é financeira.



A Semana Internacional do Cérebro foi o motivo para procurar respostas sobre a doença mental. José Salgado, director clínico do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, aceitou ser o guia numa área complexa e fala dos sintomas e da prevenção, da insensibilidade que o choca e do estigma, que continua a fazer com que os doentes tenham de se esconder no trabalho.


Se o cérebro comanda todos os órgãos, quem o manda adoecer?
Penso que o temos de ver mais como constituinte, em permanente interacção. Vamos supor uma pessoa cujo fígado e rins não funcionam enquanto filtros ou o coração não bombeia bem o sangue para o cérebro. Pode ter problemas cerebrais, quer por ficarem em circulação substâncias tóxicas ou não havendo uma adequada oxigenação. Ou seja, o cérebro adoece da mesma forma que os outros órgãos, por razões genéticas ou adquiridas, sendo que estas também interagem. Mas é curioso: por vezes pensa-se que a depressão só existe se houver uma causa externa. Não é verdade: há pessoas deprimidas sem factos negativos nas suas vidas.
Imagino que seja algo ainda mais desvalorizado.
No geral a depressão ainda é toda muito desvalorizada. Ainda há muito a ideia de que basta ter força de vontade quando o problema reside nessa incapacidade. É como dizer a um atleta com o pé torcido que para superar a lesão tem de correr.
Das doenças mentais a depressão é a mais incompreendida?
É mais comum. É das maiores causas mundiais de incapacidade. Condiciona o prognóstico de doenças físicas, sejam infecciosas, oncológicas ou auto-imunes. Por ser tão abrangente é muito incompreendida.
Porquê? Por confundir-se com tristeza?
Acho que a razão será a mesma em todas as doenças mentais. O estigma sempre existiu. Passe o excesso, a grande diferença em relação à atitude na Idade Média e hoje em dia é que na Idade Média queimavam-se literalmente os doentes. Hoje queimam-se socialmente.
Que relatos lhe chegam?
Muitas pessoas têm de esconder no trabalho que têm uma depressão, se não são discriminadas. Mas se formos para outras doenças ainda é pior. Vemos políticos, comentadores e jornalistas a usar o termo esquizofrénico como insulto. O mesmo se passa quando se diz que alguém mais irascível é bipolar. O estigma e desvalorização são notórios no dia-a-dia.
O que é que isto diz sobre o país?
É um problema mundial. Acho que no fundo é um reflexo do medo que vem da ignorância. Se falarmos com uma pessoa com esquizofrenia vemos que tem uma história muito semelhante à nossa. Tem apenas um determinante biológico que favoreceu a doença. É essa proximidade que assusta a sociedade.
A curta distância da loucura?
Exactamente. Trabalho há 30 anos em psiquiatria e ainda não sei muito bem o que é isso da loucura. Muitos doentes que vemos e são oficialmente doentes são menos loucos, passe a expressão, que pessoas que vemos fora deste contexto. Não há uma fronteira exacta. Quando dou aulas traço uma linha em que num extremo está o zero (a ausência absoluta de doença) e o infinito (a pessoa completamente doente. E depois traço a área das pessoas normais, antes do meio da linha. Não há ninguém que esteja no zero porque todos temos traços de personalidade, que maximizados seriam doença. Traços obsessivos, depressivos. Há pouco falou da tristeza. O que é a tristeza normal? É normal que a pessoa quando tem uma perda fique triste, mas nem todas as pessoas que têm a mesma perda têm o mesmo nível de tristeza. E até há pessoas que não têm perdas e têm tristeza e pessoas que têm grandes perdas e passam bem.
Na psiquiatria existe mais tentativa e erro que noutras especialidades?
Não. Algumas doenças como a depressão crónica deixam marcas no cérebro e quando prescrevemos por um exemplo um antidepressivo fazemo-lo consoante o tipo de depressão, se há mais queixas do tipo físico ou não, maior ou menor insónia, mais ou menos ansiedade, a hora do dia em que a pessoa está mais deprimida. Muitos mecanismos só foram identificados depois dos primeiros medicamentos nos anos 50, mas hoje há muita informação.
A depressão é o problema mais comum. No futuro serão as demências?
Ainda bem que as pessoas estão alerta porque com o aumento da esperança de vida há de facto mais demências, já que na maioria das vezes estão ligadas ao envelhecimento. Mas os últimos dados indicam que nos países mais desenvolvidos tem havido uma diminuição dos casos, pelo que poderá não ser tão expressivo.
Qual é a explicação?
Provavelmente a melhoria das condições de vida, aspectos nutricionais, exercício, o estímulo a nível intelectual. É de qualquer forma um dado positivo.
Mas o aumento da carga de doença mental não pode favorecer a demência?
Sim. Sabemos que qualquer doença que provoque danos cerebrais pode favorecer o aparecimento da demência. Acontece com a depressão crónica mas também pode surgir com traumatismos cranianos, AVC e até há demências ligadas aos enfartes múltiplos, que geralmente até são quadros mais rápidos do que o de Alzheimer.
E isso, aliado por exemplo ao stresse, não pode inverter essa boa tendência?
Sabemos que exercício e dieta equilibrada são factores protectores. O bom seria começar a prevenir aos 15 anos mas só à medida que as pessoas vão ficando mais velhas é que têm mais cuidados. Claro que o stresse é um factor gerador de múltiplos problemas. Não sei se associá-lo à demência contudo não será excessivo. Mas há uma coisa a ter em conta: no meio desta sensibilização as pessoas esquecem-se que o envelhecimento traz diminuição da memória, da concentração, que é natural.
Qual é aqui a fronteira do normal?
Sabemos que aos 80 anos há uma diminuição de 10% da parênquima cerebral em pessoas normais.
Tal como as pessoas mirram com a idade, o cérebro encolhe?
Sim. E isso é natural que cause maior confusão mas as pessoas ficam assustadas com medo que seja demência.
No geral, que sinais de doença mental são mais desvalorizados?
Nas fases muito precoces da depressão as pessoas começam a sentir menos prazer nas coisas. Pode ser um sinal de alerta. Gostavam muito de fazer desporto mas deixa de lhes apetecer e não vão um dia, dois, três. Se o desinteresse começa a aplicar em várias coisas devem procurar ajuda. E outra coisa que as pessoas sabem mas escondem tem a ver com o aumento da ansiedade. Por vezes até há repercussões físicas mas, em vez de procurar ajuda, começam a abusar dos ansiolíticos, que não tratam e causam habituação.
E dos medicamentos para dormir.
E nisso há algo que parece paradoxal mas não é: os problemas de insónia não se tratam com comprimidos para dormir. São um apoio pontual, só isso. Costumo dizer que temos alguns de milhares de toxicodependentes de 70 anos e com um ar simpático. São as pessoas que vão às consultas com o seu saquinho dos medicamentos e há sempre dois ou três calmantes. É um problema grave: são pessoas mais velhas que vivem sozinhas e querem ir para a cama às 19h e dormir até às 9h, 14 ou 15 horas, quando é sabido que os idosos dormem menos. O perigo é que a toma de ansiolíticos provoca alterações a nível cognitivo que podem favorecer o aparecimento de demência.
Nas demências, que sinais precoces devem ser valorizados?
Situações em que a memória recente e imediata começa a estar afectada, portanto não lembrar o que se fez há cinco minutos ou acabou de fazer. Aí vale a pena fazer uma TAC e ver se há deterioração cognitiva. Há uma relação directa entre depressão e demência não só por haver alterações que aumentam a susceptibilidade mas porque em idades avançadas há depressões em que parece que a pessoa tem uma pseudociência e com medicação melhora, o que não acontece na demência. São situações que importa despistar.
Não é possível reverter a demência?
Não, os fármacos contribuem para retardar. Mas há coisas que podem ajudar a melhorar a qualidade de vida como o exercício. Torna o organismo mais resistente mesmo nos aspectos imunológicos. Basta 15 a 20 minutos de caminhada diária.
Que outros cuidados deve haver?
Uma coisa que nos idosos aumenta a confusão mental é que, precisamente por terem menos concentração, lidam mal com a mudança. Há muito o hábito de passarem temporadas em casa dos filhos. Uma pessoa que tem alguma deterioração se anda sistematicamente a mudar de casa, de cama e de vizinhos vai confundir-se naturalmente. Deve evitar-se que o idoso ande sempre a trocar de casa e, a circular, que esteja pelo menos três a seis meses em cada sítio. Já tive casos em trocavam todas as semanas, por cinco e seis filhos.
Qual é a doença mais angustiante?
Para o próprio nas idades mais jovens é a esquizofrenia e nas mais avançadas a demência.
Na esquizofrenia, também é duro para os filhos pensar no risco da doença.
Sim mas mesmo nos casos em que ambos os pais são esquizofrénicos a probabilidade não ultrapassa os 50%. E olhando para gémeos iguais mas criados por famílias diferentes um desenvolve e outro não. Tendo ambos o mesmo componente biológico foram aspectos psicossociais que determinaram o aparecimento. É um chavão mas na saúde interagem factores biológicos, sociais e psicológico. Nos factores externos, outra realidade a que se deve dar mais importância é o efeito da canábis no aparecer de casos psiquiátricos.
Têm muitos jovens com esse problema?
Temos uns 10 ou 15, dos 14 anos aos 25/30. Estima-se que 15% a 20% da população terá susceptibilidade genética para desenvolver psicose com a canábis. Temos as psicoses tóxicas, que duram seis meses e passam se não tornar a consumir. Mas depois há casos graves de esquizofrenias que se não fosse aquele empurrão nunca apareceriam, portanto evitáveis.
Que casos é que o impressionam mais?
Todas as especialidades têm casos graves. O que me impressiona mais não é a doença, é a estupidez muitas vezes dos familiares e amigos. Mas quando a família que deve ser um aliado, não reconhece e abandona pais ou filhos nos hospitais e dá respostas como eu já ouvi dizer à filha de uma doente: “que o Estado tome conta dela que eu pago os meus impostos”…
A doente tinha o quê?
Doença bipolar estabilizada. Mas como tinha 70 anos… Mas também temos pais que dizem isso dos filhos e temos casos desses no hospital, de pais que recusam levar os filhos.
Como foram os últimos quatro anos de crise no consultório?
Foi um abanão. Pensávamos que íamos ter mais que os nossos pais, os nossos filhos mais que nós. De repente vimos que não era assim e viu-se a crise como coadjuvante de quatros depressivos. Ouvimos falar de desemprego, problemas nas empresas, desagregação das famílias. Agora não posso dizer o aumento da depressão seja exclusivamente atribuível à crise. Há quem fale de epidemia mas tem ocorrido também em períodos de maior abundância.
Consequência da mudança de valores?
Certamente, consequência deste mundo. De uma competitividade desenfreada, do culto do individualismo. Isto de para alguns ser dramático não ter dinheiro para comprar um plasma e continuar com a televisão antiga. Acho que o estado civilizacional estará por detrás do fenómeno.
E com a poeira da crise a assentar, como saímos disto?
Às vezes perguntam-me como se previne a depressão. Há, como em tudo, uma resposta simples e outra complicada. A simples é melhorando o bem-estar e felicidade. Se a pessoa tiver susceptibilidade mas uma vida boa resiste melhor. A resposta complicada é olhar para a sociedade e perceber que a certa altura passámos a ser um grupo de pessoas que estão no mesmo sítio mas cujos laços se foram esboroando. Olhamos cada vez menos para o que se passa ao nosso lado e, se for algo que incomode, menos ainda. Se voltássemos a ser uma sociedade as coisas melhorariam.
Portanto não vê nada de terapêutico nos últimos anos.
Não. E por isso vemos mais pessoas com necessidade de largar tudo, de romper.
Recomenda?
Se quiserem e tiverem capacidade.
Nunca é tarde?
Com certeza. Há uns anos um senhor levou a mãe à minha consulta. A senhora tinha 75 anos e ele achava que devia estar demenciada porque queria divorciar-se do pai. Ela estava tudo menos doente: dizia não queria morrer ao lado de um marido que lhe tinha dado cabo da vida. Queria recomeçar e estava determinada. Temos de perseguir sonhos, não o fazemos mais pelo medo do risco. Queremos ter a certeza antes de tentar. Chamo-lhe fazer batota para perder, as pessoas armadilham-se no seu caminho. Às vezes não têm de ser mudanças radicais.
Marta F. Reis, in Jornal I

É necessário encerrar ciclos



É preciso saber sempre quando uma etapa chega ao fim. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos - não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram. 

Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação?
 Deixou a casa dos pais? Partiu para viver noutro país? 
Uma amizade antiga terminou sem explicações? 

Pode passar muito tempo a perguntar-se porque aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais nenhum passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas na sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: os seus pais, o seu marido ou sua esposa, os seus amigos, os seus filhos, a sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo em frente, e todos sofrerão ao ver-te parado.
 

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem connosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente crianças, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia numa ligação com uma pessoa que já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para instituições, vender ou doar os seus livros. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está a acontecer no nosso coração - e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras fiquem no seu lugar.
 

Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está a  jogar nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram o seu génio, que entendam o seu amor. Pare de ligar a sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como sofreu com determinada perda: isso estará apenas a envenená-lo, e nada mais.

Não há nada mais perigoso do que não aceitar o fim dos relacionamentos amorosos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que são sempre adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.
 

Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e transforme-se em quem é.


Texto de Gloria Hurtado, adaptado por Maria Pascoal psicóloga clínica

segunda-feira, 23 de março de 2015

8 Sintomas de depressão


Nem sempre a pessoa que sofre de depressão ou os seus familiares reconhecem os sintomas desta doença. Esta situação pode acontecer, porque se manifesta de forma diferente de pessoa para pessoa ou por existir alguma dificuldade na identificação dos sintomas implícitos.

1. A pessoa pode não parecer deprimida

Muitas vezes as pessoas deprimidas, conseguem esconder dos outros os sintomas de depressão, como forma de autoproteção. As pessoas usam capas para camuflar o que sentem, querem mostrar aos outros que está tudo bem, mas por trás desse disfarce existe muito sofrimento.

2. Queixas de cansaço frequentes
Um dos sintomas de depressão é o cansaço constante. A sua causa parece ser desconhecida. A pessoa deprimida pode dormir o suficiente, mas acorda quase sempre cansada, explicando a sua falta de energia, por cansaço acumulado ou por características pessoais. Apesar de ser comum, não se manifesta em todas as pessoas.
O reflexo da falta de energia, influência a motivação para interações sociais e provoca diminuição de produtividade. 

3. Irritabilidade constante
O comportamento de uma pessoa deprimida, pode ser associada a sinais de tristeza. Acontece que a pessoa além de triste, fica frequentemente irritada. 

4. Alterações de humor frequentes
As mudanças de humor constantes, são um sinal de depressão em muitas pessoas.

5. Evita manifestações de afeto e impede que as pessoas se preocupem Nem sempre a depressão gera só sentimentos de tristeza e irritabilidade, em muitos casos, a pessoa parece que não sente nada, em relação ao que se passa à sua volta, como se tudo lhe fosse emocionalmente indiferente. Mostra pouco interesse por reações afetivas, tendo dificuldade em lidar com as mesmas.

6. Evita atividades que antes apreciava
Pode ser sinal de depressão se persistir por um longo período de tempo. Este indício pode estar relacionado, com a falta de energia ou porque a pessoa já não consegue retirar prazer dessa atividade.

7. Mudança de hábitos alimentares A pessoa deprimida preocupa-se pouco consigo, pode comer em excesso ou ter pouco apetite. Comer pouco é normal, porque a depressão diminui o apetite, mas pode comer em excesso, por ser uma forma de sentir algum prazer.

8. A capacidade para fazer as tarefas é mais limitada
Sente grande dificuldade em fazer as tarefas habituais. Confrontar a pessoa deprimida com esta situação não a ajuda, só contribui para que se sinta pior, ao ficar magoada com as críticas.

A dificuldade em identificar os sinais, impede muitas vezes a procura de ajuda profissional para realizar o diagnóstico. Mesmo depois de ser diagnosticada, a pessoa pode recusar-se a admitir que sofre de depressão.


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sábado, 21 de março de 2015

13 Sugestões para dormir melhor!



A insónia é uma perturbação do sono, caracterizada por várias dificuldades, em adormecer, em dormir o número de horas necessárias ou em situações que o sono não é suficientemente reparador, acontece nos casos em que a pessoa acorda, mas sente-se cansada, apesar de dormido 7 ou 8 horas.

Dormir bem é fundamental para que a pessoa consiga ter qualidade de vida e, a existência de perturbações do sono acarreta várias consequências no seu dia-a-dia, tais como, diminuição da concentração, lapsos de memória e variações de humor.

Existem medicamentos para eliminar a insónia, especialmente as insónias agudas, ou seja, as que ocorrem pontualmente, por serem pouco frequentes, no entanto, existem consequências quando são tomados com regularidade, como, diminuição de sono profundo e causar dependência a longo prazo.

Estratégias para adormecer melhor e evitar medicamentos!

1-Realize alguma atividade relaxante antes de ir dormir. Deve evitar ir para a cama a pensar em preocupações ou a sentir irritabilidade interna. Procure relaxar antes de adormecer, pode ler até sentir sono, ouvir música calma ou fazer qualquer atividade relaxante ou refeição ligeira se sentir fome. Tente perceber se existe algum ritual que funcione melhor consigo.


2-Se não conseguir dormir ao fim de meia hora levante-se, não continue a dar voltas na cama e tente fazer alguma tarefa relaxante até sentir sono ou anotar alguma coisa que esqueceu. Se costuma ter dificuldade por pensar nas coisas que tem para fazer no dia seguinte, tente anotar as mesmas, antes de tentar adormecer.

3-Deite-se só quando sentir sono. Se vai para a cama sem ter sono para tentar adormecer, só aumenta a ansiedade e dificulta o sono.


4-Comer ou beber muito antes de ir dormir. Evite ir para a cama com a sensação de barriga cheia, assim como beber muitos líquidos, por aumentarem a possibilidade de acordar durante a noite para ir à casa de banho.


5-Evite bebidas estimulantes à noite e se possível durante o dia, não ingira bebidas energéticas, como café, chá preto ou chocolate, após as 16h.


6-Evite ver televisão ou permanecer no computador até ter sono. Este tipo de práticas dificulta que o seu cérebro relaxe e, consequentemente dificulta o adormecer.


7-Evite levar tarefas para o quarto, principalmente se relacionados com o trabalho. Impede assim, de associar o quarto a preocupações.


8-Estabeleça um horário frequente. Deve tentar adormecer e acordar sempre às mesmas horas, inclusive no fins-de-semana. Independentemente do tempo que dormiu durante a noite, tente sempre levantar-se à mesma hora.


9-O quarto deve ter um ambiente harmonioso e tranquilo. Retire o som do telemóvel ou do relógio, por forma, a evitar qualquer tipo de barulho durante a noite. Escolha um colchão, em que se sinta confortável e tente perceber qual a melhor posição para adormecer. Feche bem as persianas, para evitar a entrada de luz, mantenha uma temperatura amena e exclua a televisão do quarto.


10-Se possível não leve telemóvel ou relógio para cabeceira. Não conseguir ver as horas durante a noite, pode diminuir a ansiedade e melhorar a qualidade do sono.


11-Pratique exercício físico. A prática regular de alguma atividade desportiva, aumenta a qualidade de sono, segundo alguns estudos em 65% das pessoas. Mas, realizar exercício físico intenso, antes de ir dormir é prejudicial.


12-Não pratique exercício físico nas 6 horas antes de ir para a cama, porque exercício aumenta a temperatura do corpo. O sono é facilitado pela descida da temperatura corporal e da subida da melatonina.


13-Evite fazer sestas, no caso de não conseguir evitá-las, não faça sestas após as 16h e nunca durma mais de 30 minutos.


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segunda-feira, 16 de março de 2015

Como resolvemos os nossos conflitos?



Os conflitos internos, ocorrem dentro de nós e têm como finalidade a autodefesa da pessoa, perante situações percecionadas como sendo ameaçadoras. Estes conflitos criam em nós alguma angústia. Mas é essa angústia que nos estimula a resolver os problemas. No entanto, a pessoa nem sempre consegue resolver os problemas imediatamente, porque os problemas pessoais nem sempre podem ser resolvidos através da razão, por existir uma implicação emocional que reduz a objetividade. Naturalmente por esse motivo, têm de ser solucionados de forma indireta, procurando uma maneira de nos adequarmos aos requisitos da sociedade em que estamos inseridos.

Os mecanismos de defesa são considerados ações psicológicas que têm por objetivo reduzir, qualquer manifestação que possa colocar em perigo a integridade da própria pessoa. Ocorrem quando a pessoa sente alguma dificuldade em lidar com determinada situação ou quando por qualquer razão a considera ameaçadora. As mesmas podem ser, subconscientes ou inconscientes, facilitando que a pessoa encontre uma solução para os seus conflitos, ansiedades, frustrações, ressentimentos, impulsos que não foram resolvidos a nível consciente.

Existe no interior pessoa um conflito permanente para dar sentido às suas experiências, assim como, a necessidade de encontrar explicações para os seus processos internos, sentimentos e comportamentos. Os conflitos surgem para satisfazer a pessoa, na procura de justificações para diminuir a sua angústia, preservando o auto-respeito. Elaboramos para tal, explicações racionais para causas emocionais e motivacionais, por forma a defender o nosso “eu”, Tentado descobrir razões válidas, mesmo que ilusórias, para justificar os nossos fracassos ou as nossas atitudes.

Existem algumas situações em que as dificuldades emocionais, podem persistir durante meses ou anos, originando assim, uma intensa ou sensações desaprazíeis, tais como, ansiedade, sentimentos de culpabilização, medo ou angústia.

Nesses momentos, recorremos a mecanismos de defesa, sem termos consciência disso, por forma, a conseguir eliminar a angústia sentida, incitada por emoções desagradáveis, resultantes de situações stressantes que nos provocam aumento da ansiedade. A base dos mecanismos de defesa é a angústia, por esse motivo, quanto mais a pessoa estiver angustiada, mais acentuados ficam os seus mecanismos de defesa.

Qualquer pessoa pode utilizar mecanismos de defesa, perante uma situação que perceciona como stressante, originando intensa ansiedade. De um modo geral reage da seguinte forma: Enfrentar o problema ou tenta negar e deturpar a realidade da situação. Este tipo de negação da realidade é o mecanismo de defesa.

Estes comportamentos só se tornam patológicos, a partir do momento em que a resposta se torna pouco eficaz, pelo facto de não ser adequada ao conflito que a pessoa está a experienciar. Recorrer frequentemente a mecanismos de defesa ineficazes, pode indicar que a pessoa apresenta sintomas neuróticos ou até sintomas psicóticos em casos mais acentuados.

10 Mecanismos de defesa

1. Idealização - mecanismo que acontece quando a pessoa exagera os aspetos positivos de determinada situação, com o objetivo de se proteger da angústia. Exemplo disso é quando sente que o seu Deus a protege.

2. Racionalização - acontece quando a pessoa utiliza explicações lógicas ou sociavelmente aceitáveis. Exemplo disso, é quando a pessoa tenta explicar a sua obsessão pela arrumação, limpeza ou simetria, dando a justificação de que é muito importante a ter as coisas bem organizadas e limpas, outro exemplo, é quando alguém passa demasiado tempo a jogar, referindo que não tem mais nada para fazer.

3. Negação - sucede quando a pessoa nega ou não reconhece as circunstâncias que a influenciam mas, exprime sentimentos contraditórios relativamente a essa situação. A pessoa ao negar a sua existência é provável que se distancie do impacto desagradável de determinado acontecimentos ou sentimento. Exemplo disso, é quando a pessoa é apanhado a mentir e, continua a negar, referindo que tem provas do que está a dizer. Outra situação, quando uma pessoa não consegue controlar o seu vício de jogo e não reconhece que é dependente do jogo.

4. Projeção - a pessoa transfere os seus pensamentos, sentimentos ou causas do que acontece e outra pessoa. Fazendo com que outra pessoa se sinta culpada pelos mesmos. Acontece quando uma pessoa se sente atraída por alguém mas, acredita que a outra pessoa é que está apaixonada por ela.

5. Deslocamento - Quando alguém se afasta da emoção sentida ou da sua origem por algo que a substitua. Sobrevém por exemplo, no caso de uma pessoa ter ficado irritada com algo que aconteceu no trabalho e, quando chega a casa provoca conflitos familiares.

6. Regressão - quando a pessoa apresenta um comportamento imaturo. Surge quando o adulto tem comportamentos reveladores de pouca maturidade, ou seja, pouco adequados à sua idade. Exemplo disso é quando alguém faz birra porque os amigos não querem ir ao sítio que ela deseja e escolhem outro local.

7. Isolamento – acontece quando a pessoa se desliga dos sentimentos perturbadores. A pessoa torna-se insensível relativamente a determinada situação, descrevendo-a como se tivesse acontecido com outra pessoa. Este pensamento parece ser eficiente, em determinadas circunstâncias, ao colocar no mesmo nível, duas apreciações incompatíveis, sem existir consciência das divergências. É uma forma de isolar as interações inerentes, reduzindo os conflitos internos. Exemplo disso é quando uma pessoa maltrata outra e não sente sentimentos de culpa associados a esse comportamento.

8. Repressão- mecanismo que mantém afastado da consciência alguma ideia penosa. Acontece quando a pessoa sente muita dificuldade em reconhecer os impulsos que originam a sua angústia ou tem dificuldade em recordar situações traumáticas do seu passado. Exemplo disso é quando uma pessoa está numa consulta de psicologia e não se recorda de determinados acontecimentos passados traumáticos, onde o paciente continua a guardar no seu inconsciente os acontecimentos que não deseja recordar.

9. Anulação -  acontece nos casos em que a pessoa recorre a comportamentos ou a rituais mágicos, por forma a conseguir contrariar ou destruir um malefício que imagina, como sendo a causadora dos seus próprios desejos. Exemplo disso é quando se bate na madeira para afastar um pensamento que não queremos que aconteça.

10.Dissociação - mecanismo pelo qual um determinado grupo de pensamentos, é separado de outro grupo de pensamentos. Acontece quando um pensamento é considerado bom e o outro mau. É uma defesa que elimina a angústia de pensar mal de quem se pensa bem. Ajuda a pessoa a não sentir culpa por não ter pensamentos maus de algo bom.

Existem para além destes, outros mecanismos de defesa: identificação; fixação; compensação; introjeção; sublimação; compensação; formação reactiva;reparação e idealização, entre outros.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Perturbação obsessivo-compulsiva-10 indícios



É uma doença do foro psicológico/psiquiátrico relacionada com a ansiedade, que se caracteriza pela existência de pensamentos obsessivos e compulsivos, em que a pessoa tem comportamentos repetitivos e atípicos, ideias irracionais e rituais incontroláveis, relativamente a questões de saúde, higiene, simetria ou perfeição. Este tipo de comportamentos, interferem nas atividades diárias, causando enorme desconforto e sofrimento.

Estes comportamentos repetitivos, atípicos, ideias irracionais e rituais incontroláveis, são denominados de compulsão, sendo originados por pensamentos persistentes e, a pessoa não os consegue evitar são denominados de obsessão.

As compulsões são comportamentos ou actos repetitivos e voluntários. A pessoa tem este tipo de comportamentos para reduzir a ansiedade ou para diminuir o mal-estar, provocado por uma obsessão, por forma a prevenir alguma circunstância que receia.

A Compulsão é um comportamento consciente e repetitivo que se utiliza para anular determinada obsessão. Exemplos disso são, o lavar as mãos frequentemente, verificar repetidamente se não esqueceu de fazer alguma coisa, voltar atrás para verificar se deixou o carro fechado, as luzes acesas, a torneira aberta. Estes comportamentos só são considerados compulsivos, se a pessoa tiver necessidade de os repetir inúmeras vezes para ter a certeza que fez o pretendido ou quando existe algum comportamento ritualizado sem razão aparente para existir, pode ser considerada Perturbação obsessivo-compulsiva, no caso de prejudicar vida da pessoa no dia-a-dia.

As obsessões tendem a aumentar a ansiedade, inversamente, a ansiedade diminui quando a pessoa realiza as compulsões. É por este motivo, que quando a pessoa não realiza a compulsão a sua ansiedade aumenta. Apesar da pessoa reconhecer que tanto a compulsão, como a obsessão são irracionais e que as mesmas fogem ao seu controlo e vontade, causam enorme sofrimento, influenciando a sua rotina, o seu trabalho e os seus relacionamentos interpessoais.

A compulsão cria atitudes e comportamentos conscientes, mas incontroláveis. A própria pessoa percebe que não têm sentido, no entanto, não os consegue controlar. Existem algumas compulsões em que a pessoa na presença de outras pessoas consegue ter esse controlo mas, quando está sozinha não. Muitas vezes a pessoa esconde as suas ideias ou comportamentos por vergonha e fica com receio de estar a ficar perturbada.

A Perturbação obsessivo-compulsiva pode desenvolver-se em crianças ou em adultos. Ocorre tanto em homens como em mulheres. Os sintomas podem permanecer durante muitos anos, alternando entre períodos de crise e períodos normais.

É uma das perturbações da ansiedade que causa desgaste físico, intelectual e emocional  mas, pode ser eliminada com uma intervenção precoce, no momento em que ocorrem os primeiros sintomas. Se suspeita que sofre de Perturbação obsessivo-compulsiva, não hesite em pedir ajuda, porque a perturbação obsessivo-compulsiva é progressiva. A psicoterapia é necessária e muitas vezes existe necessidade de recorrer a medicação. 

10 Indicadores de perturbação obsessiva-compulsiva

1.Verifica repetidamente aquilo que faz? Por exemplo volta atrás para verificar se deixou o carro fechado, as luzes desligadas ou alguma torneira aberta.

2.Habitualmente tem pensamentos insistentes, apesar de não existir motivo aparente?

3.Quando tem alguns pensamentos causam-lhe incómodo e por mais que deseje, não os consegue evitar?

4.Quando tem determinado pensamento, faz alguma coisa em particular para reduzir o incómodo sentido ou tem algum ritual especifico?

5.A sua ansiedade aumenta quando tem alguns pensamentos específicos?

6.Costuma repetir alguns comportamentos sem ter motivo aparente?

7.Tem rituais de higiene? Por exemplo, lava as mãos muitas vezes e sem necessidade.

8.Tem consciência que demora muito tempo a realizar as tarefas no seu dia-a-dia?

9.Tem necessidade de ter tudo organizado em casa e no trabalho?

10.Incomoda-o se os objetos não estão no lugar adequado e/ou em simetria?

Se respondeu afirmativamente a estas questões, procure ajuda especializada, porque pode estar a desenvolver uma perturbação obsessiva-compulsiva